2 de fev. de 2011

Ensaios


beirei fachadas
dei para naturezas mortas
fiz jejum de palavras
compus silêncios

nesse lugar algum
entre a lagarta e a borboleta
velei papéis em branco
bandeirinhas desbotaram

recolhi os passos
migrei para outras estações
encontrei destinos
prejuízos somei

estrangeira de mim eu fui
contei-me mentiras
não tive sacramentos
nem perdão

II

chego à arena sem fôlego
tudo em volta é espelho
finjo-me sã

arranjo os cabelos
passo o batom
ajeito o sutiã

alinho o vestido
bato a poeira
desertos em mim

fora os trilhos
e seus dois sentidos
talvez um trem a passar

uma cidade próxima
um vilarejo
talvez um lar

III

prossigo no meu encalço
eu e minha sombra a me precisar

enquanto não me enlaça a morte 
o destino, comigo, põe-se a dançar

crescem meus cabelos 
como desejos de além-mar

Acordam os meus olhos
são margaridas que chovem