Poemas roubados (27)

Fotos: Marta Soubre


Da mais alta janela da minha casa
Alberto Caeiro - XLVIII

Da mais alta janela da minha casa
Com um lenço branco digo adeus
Aos meus versos que partem para a humanidade

E não estou alegre nem triste.
Esse é o destino dos versos.
Escrevi-os e devo mostrá-los a todos
Porque não posso fazer o contrário
Como a flor não pode esconder a cor,
Nem o rio esconder que corre,
Nem a árvore esconder que dá fruto.

Ei-los que vão já longe como que na diligência
E eu sem querer sinto pena
Como uma dor no corpo.

Quem sabe quem os lerá?
Quem sabe a que mãos irão?

Flor, colheu-me o meu destino para os olhos.
Árvore, arrancaram-me os frutos para as bocas.
Rio, o destino da minha água era não ficar em mim.
Submeto-me e sinto-me quase alegre,
Quase alegre como quem se cansa de estar triste.

Ide, ide, de mim!
Passa a árvore e fica dispersa pela Natureza.
Murcha a flor e o seu pó dura sempre.
Corre o rio e entra no mar e a sua água é sempre a que foi sua.

Passo e fico, como o Universo.
 
 
 
Espera
Sophia de Mello Breyner Andresen
 












Deito-me tarde
Espero por uma espécie de silêncio
Que nunca chega cedo
Espero a atenção a concentração da hora tardia
Ardente e nua
É então que os espelhos acendem o seu segundo brilho
É então que se vê o desenho do vazio
É então que se vê subitamente
A nossa própria mão poisada sobre a mesa

É então que se vê passar o silêncio

Navegação antiquíssima e solene


Se alguém bater um dia à tua porta
Fernando Pessoa

Se alguém bater um dia à tua porta,
Dizendo que é um emissário meu,
Não acredites, nem que seja eu;
Que o meu vaidoso orgulho não comporta
Bater sequer à porta irreal do céu.

Mas se, naturalmente, e sem ouvir
Alguém bater, fores a porta abrir
E encontrares alguém como que à espera
De ousar bater, medita um pouco. Esse era
Meu emissário e eu e o que comporta
O meu orgulho do que desespera.
Abre a quem não bater à tua porta



Há palavras que nos beijam
Alexandre O'Neill

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.



Cantares   
Antonio Machado

Todo pasa y todo queda,
pero lo nuestro es pasar,
pasar haciendo caminos,
caminos sobre el mar.

(...)

Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.

Caminante no hay camino
Sino estelas en la mar...


 
Sonho de uma terça-feira gorda
Manuel Bandeira

Eu estava contigo. Os nossos dominós eram negros,
[e negras eram as nossas máscaras.
Íamos, por entre a turba, com solenidade,
Bem conscientes do nosso ar lúgubre
Tão contrastado pelo sentimento de felicidade
Que nos penetrava. Um lento, suave júbilo
Que nos penetrava… Que nos penetrava como uma
[espada de fogo…
Como a espada de fogo que apunhalava as santas extáticas.

E a impressão em meu sonho era que se estávamos
Assim de negro, assim por fora inteiramente de negro,
- Dentro de nós, ao contrário, era tudo tão claro e luminoso.

Era terça-feira gorda. A multidão inumerável
Burburinhava. Entre clangores de fanfarra
Passavam préstitos apoteóticos.
Eram alegorias ingênuas, ao gosto popular, em cores cruas.
Iam em cima, empoleiradas, mulheres de má vida,
De peitos enormes - Vênus para caixeiros.
Figuravam deusas - deusa disto, deusa daquilo, já tontas e
[seminuas.

A turba ávida de promiscuidade,
Acotovelava-se com algazarra,
Aclamava-as com alarido.
E, aqui e ali, virgens atiravam-lhe flores.

Nós caminhávamos de mãos dadas, com solenidade,
O ar lúgubre, negros, negros…
Mas dentro em nós era tudo claro e luminoso.
Nem a alegria estava ali, fora de nós.
A alegria estava em nós.
Era dentro de nós que estava a alegria,
- A profunda, a silenciosa alegria…



Soneto
Gregório de Matos

O todo sem a parte não é todo;
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo o todo.

Em todo sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte
Em qualquer parte sempre fica todo.

O braço de Jesus não seja parte,
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.

Não se sabendo parte deste todo,
Um braço que lhe acharam, sendo parte,
Nos diz as partes todas deste todo.


O poema
Sophia de mello Breyner Andresen

O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê

O poema alguém o dirá
Às searas

Sua passagem se confundirá
Como rumor do mar com o passar do vento

O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento

No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas

(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)

Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas

E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo


 
 Arte Poética
José Luís Peixoto

o poema não tem mais que o som do seu sentido,
a letra p não é a primeira letra da palavra poema,
o poema é esculpido de sentidos e essa é a sua forma,
poema não se lê poema, lê-se pão ou flor, lê-se erva
fresca e os teus lábios, lê-se sorriso estendido em mil
árvores ou céu de punhais, ameaça, lê-se medo e procura
de cegos, lê-se mão de criança ou tu, mãe, que dormes
e me fizeste nascer de ti para ser palavras que não
se escrevem, lê-se país e mar e céu esquecido e
memória, lê-se silêncio, sim, tantas vezes, poema lê-se silêncio,
lugar que não se diz e que significa, silêncio do teu
olhar de doce menina, silêncio ao domingo entre as conversas,
silêncio depois de um beijo ou de uma flor desmedida, silêncio
de ti, pai, que morreste em tudo para só existires nesse poema
calado, quem o pode negar?, que escreves sempre e sempre, em
segredo, dentro de mim e dentro de todos os que te sofrem.

o poema não é esta caneta de tinta preta, não é esta voz,
a letra p não é a primeira letra da palavra poema,
o poema é quando eu podia dormir até tarde nas férias
do verão e o sol entrava pela janela, o poema é onde eu
fui feliz e onde eu morri tanto, o poema é quando eu não
conhecia a palavra poema, quando eu não conhecia a
letra p e comia torradas feitas no lume da cozinha do
quintal, o poema é aqui, quando levanto o olhar do papel
e deixo as minhas mãos tocarem-te, quando sei, sem rimas
e sem metáforas, que te amo, o poema será quando as crianças
e os pássaros se rebelarem e, até lá, irá sendo sempre e tudo.

o poema sabe, o poema conhece-se e, a si próprio, nunca se chama
poema, a si próprio, nunca se escreve com p, o poema dentro de
si é perfume e é fumo, é um menino que corre num pomar para
abraçar o seu pai, é a exaustão e a liberdade sentida, é tudo
o que quero aprender se o que quero aprender é tudo,
é o teu olhar e o que imagino dele, é solidão e arrependimento,
não são bibliotecas a arder de versos contados porque isso são
bibliotecas a arder de versos contados e não é o poema, não é a
raiz de uma palavra que julgamos conhecer porque só podemos
conhecer o que possuímos e não possuímos nada, não é um
torrão de terra a cantar hinos e a estender muralhas entre
os versos e o mundo, o poema não é a palavra poema
porque a palavra poema é uma palavra, o poema é a
carne salgada por dentro, é um olhar perdido na noite sobre
os telhados na hora em que todos dormem, é a última
lembrança de um afogado, é um pesadelo, uma angústia, esperança.

o poema não tem estrofes, tem corpo, o poema não tem versos,
tem sangue, o poema não se escreve com letras, escreve-se
com grãos de areia e beijos, pétalas e momentos, gritos e
incertezas, a letra p não é a primeira letra da palavra poema,
a palavra poema existe para não ser escrita como eu existo
para não ser escrito, para não ser entendido, nem sequer por
mim próprio, ainda que o meu sentido esteja em todos os lugares
onde sou, o poema sou eu, as minhas mãos nos teus cabelos,
o poema é o meu rosto, que não vejo, e que existe porque me
olhas, o poema é o teu rosto, eu, eu não sei escrever a
palavra poema, eu, eu só sei escrever o seu sentido.
 

Futuros Amantes
Letra/Música (Chico Buarque)

 Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar
E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização
Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você



Os Argonautas
Letra/Música (Caetano Veloso)


O Barco!
Meu coração não aguenta
Tanta tormenta, alegria
Meu coração não contenta
O dia, o marco, meu coração
O porto, não!...
Navegar é preciso
Viver não é preciso...
O Barco!
Noite no teu, tão bonito
Sorriso solto perdido
Horizonte, madrugada
O riso, o arco da madrugada
O porto, nada!...
Navegar é preciso
Viver não é preciso
O Barco!
O automóvel brilhante
O trilho solto, o barulho
Do meu dente em tua veia
O sangue, o charco, barulho lento
O porto, silêncio!...
Navegar é preciso
Viver não é preciso...


  

Coisa Simples
Felipe Cerquize
Quando quiser saber
onde está o amor,

revire as almofadas

que estão na sala,

perceba a luz acesa

na sua varanda

e a Lua crescente

no chão do quintal.


Existem mil e uma formas

para afinidades

e cada uma delas revela

a harmonia

que hoje não está

onde bem deveria.


A toalha de banho,

o fogão aceso,

a água fervendo,

o cobertor gelado,

o travesseiro a menos.


Quando quiser saber

onde está o amor,

revire as páginas dos álbuns

de fotografias.


As coisas simples são as que

fazem sentido

quando o afeto chega

aos nossos corações.
 Notas para o Livro das Constatações
Cláudio Neves (in "Isto a que falta um nome")

Mera e moral cigarra de uma tarde,
de um verão que ouço ainda e me deserda
como a um filho, por causa da nora
louca e loquaz, e talvez infiel.

Som inespacial, por isso obsidente,
indecifrável contraponto ou sobra
de um céu profundo, de uma trepadeira
gretando um muro para sempre ela.

Cigarra fútil, lembrança acessória
se comparada aos mortos que a ouviram
ou se metáfora do pensamento.

Mera e moral aquela tarde e tudo nela,
como eu agora e eu de quando eu era
tão imortal quanto a lembrança dela.


Rui Rocha (in " A Oriente do Silêncio ")

tenho saudades de ti
e de tudo o que está ausente
embora não consiga
claramente perceber
que coisas ausentes
me fazem falta
para além da tua presença.

se calhar a ausência

da tua presença
é a ausência de tudo
o que me faz falta.




Giorgio Caproni
(in «Il muro della terra», 1975)

 TAMBÉM EU

Também eu tentei.
Foi tudo uma guerra
de unhas. Mas agora eu sei. Ninguém
poderá jamais perfurar
o muro da terra.

tradução de Andrea Ragusa


 PEDRADAS

Também eu tentei falar.
Sem talvez saber a língua.
Todas as frases erradas.
Em resposta: só pedradas.


CONDIÇÃO

Um homem só,
fechado no seu quarto.
Com todas as suas razões.
Com todos seus erros.
Só, nesse quarto vazio,
e falando. Aos mortos.


EXPERIÊNCIA

Todos os lugares que vi,
que visitei,
agora sei – estou certo:
nunca lá me encontrei.

Voltei a esse lugar
onde nunca tinha estado.
Do que não foi, nada mudado.
Sobre a mesa (de oleado
aos quadrados) meio vazio
encontrei o mesmo copo
nunca cheio. Tudo
permanece tal e qual
eu o não tinha deixado.


 DEUS ABSCONDITUS

Este simples dado:
Deus não está oculto.
Mas suicidado.

traduções de David Mourão-Ferreira


JOAQUIM PESSOA (in, Ano Comum)
Um dia especial é aquele onde tropeçámos um no outro...
Ou o lugar onde nos beijámos pela primeira vez.
Ou aquele quarto de hotel.
Um sítio especial é o útero. E o colo. E o berço.
E a escola. E a casa. E a casa do nosso melhor amigo.
E o nosso bairro. E a nossa rua. E o nosso café.
É também muito especial o sítio onde nada acontece.
Ou aquele onde nunca estivemos.
Ou simplesmente aquele que não existe.
Ou o que apenas existe na nossa imaginação.
E também o sítio que não conseguimos sequer imaginar.
E na verdade é especialíssimo o sítio onde não queremos estar.
E o que nos é indiferente. E aquele que nos magoa.
E o que não suportamos. E o que não gostaríamos que existisse.
Sítio verdadeiramente especial é o texto. Onde cabem todos os
sítios que são especiais. E os que, por não serem, o são.
E os que estão, ainda, para o ser.
Mas, de todos, o mais especial dos sítios é aquele onde,
em cada momento, nos encontramos. E onde sentimos fluir
o tempo e a vida.
Aquele sítio onde todos temos de estar, sob pena de não ser
possível estar em sítio algum ou, não podendo sair do mesmo
sítio, estar em todos os sítios ao mesmo tempo.

Cantiga para não morrer
Ferreria Gullar

Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.
Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.
Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.
E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.

Motivo 

Cecília Meireles 

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.


Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.


Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.


Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.



Mudança
Alexandre Souza

Cansado de uma vida de andanças
e deste imenso redil de inseguranças,
declaro aos regentes desta dança: estou de mudança!

Ponho nas costas a mochila da esperança,
carregada com minhas melhores lembranças
e com uma sutil e inexplicável Confiança.

Parto em busca de uma herança
que sei, tenho direito, desde a mais tenra infância
e que não é só mais um sonho de uma sonhadora criança.

Lanço-me no caminho que quase ninguém se lança
por medo, orgulho ou falta de temperança
ou por qualquer outro motivo que me foge a lembrança.

E eis que surge, em forma de Homem, a referida Confiança
trajando um manto branco, portando um cajado e falando bem calmo:
Quero restabelecer contigo uma antiga Aliança!

Fitando-me nos olhos, continuou a falar:
Eu Sou o que Sou, eterna Bonança, infinita Segurança
e tu és a minha tão sublime Imagem e Semelhança.

Esqueça, a partir de agora, os antigos versos,
as velhas estrofes e as más palavras que te afligem ainda.
Na poesia da tua Vida, deixa que Eu faço a rima:

Vou te guiar a um Lugar,
sua morada lá será,
siga os meus passos e juntos vamos chegar.

Chamando-me pelo nome, pôs-se a caminhar
e eu, ouvindo a Sua Voz, deixei-O me levar,
como uma ovelha, tão dependente, ansiosa para pastar.

Enfim, chegamos ao tal Lugar. Deixando-me descansar, pôs-se a falar:
Meu filho, aqui não há dor, não há temor, não há desamor.
Aqui, minha querida ovelha, é o coração do Bom Pastor!




(sir Francis Drake)


Disturb us, Lord, when
We are too well pleased with ourselves,
When our dreams have come true
Because we have dreamed too little,
When we arrived safely
Because we sailed too close to the shore.

Disturb us, Lord, when
With the abundance of things we possess
We have lost our thirst
For the waters of life;
Having fallen in love with life,
We have ceased to dream of eternity
And in our efforts to build a new earth,
We have allowed our vision
Of the new Heaven to dim.

Disturb us, Lord, to dare more boldly,
To venture on wilder seas
Where storms will show your mastery;
Where losing sight of land,
We shall find the stars.

We ask You to push back
The horizons of our hopes;
And to push into the future
In strength, courage, hope, and love.
This we ask in the name of our Captain,
Who is Jesus Christ.




Muralha 
(Marize Castro)

Porque me abasteci, estou de volta.
Trago comigo coisas abandonadas.
Coisas que os homens jogaram fora:
placentas, gânglios, guirlandas, guelras.

Retorno alimentada. Perigosa.
Mais mar. Mais aberta.

Hoje descobri que quando estou dormindo
Deus segura minha mão e a leva para seu rosto.
Para Ele 
sou mulher e menina.
Para o mundo
sou silêncio e desordem.
Lassidão e rumor.

Uma muralha que sempre desejou ser flor.


ERMA
(Marize Castro)

Recolho-me tão profundamenteque tudo me alcança:mísseis, desastres, lanças.
Recostada ao rosto de Deuspedi-lhe a fé perdidaa palavra antiga — invencível.
Ele me deu o mar no nomee uma fome borgeana, dizendo-me:Eis sua herança, jovem senhorade velhíssima alma e furiosas lembranças.